Para comemorar o Dia do Jardineiro (15 de dezembro), a empresa Triângulo Máquinas, de Uberaba - MG, sempre promove um café da manhã e convida os jardineiros que atuam na cidade. Neste ano, fui chamado para fazer uma palestra para os convidados especiais do dia.
A palestra foi sobre novas tendências em jardinagem. Falei, especialmente, sobre as mudanças de concepções e a incorporação de posturas ecológicas nesta área. Após um breve histórico e questões teóricas, destaquei as cobranças cada vez maiores quanto à redução do uso de produtos tóxicos, sobre o respeito à biodiversidade, a valorização dos ecossistemas locais e sobre as exigências crescentes voltadas para o que se pode denominar consumo verde, ou consumo responsável e suas aplicações à jardinagem.
Num clima descontraído e participativo, conversei com os presentes sobre atitudes sustentáveis em jardinagem e sobre o solo considerado como um organismo vivo, sobre compostagem e reciclagem. Também conversamos sobre a importância da atualização e sobre a necessidade de se praticar uma relação ética com os clientes, entre a própria classe e com a natureza.
No dia dez de dezembro de 2010 tive o prazer de representar o Comitê Regional do PROLER Vale do Rio Grande no III Encontro Anual de Leitores da cidade de Delta, MG.
O Encontro foi promovido pela Biblioteca Pública Municipal “José Camilo”.
Estavam presentes jovens leitores, professores do município, a prefeita de Delta, Lauzita, a secretária de Educação do Município, Maria Tereza, a representante da Usina Delta, do Grupo Caeté, Marisa Benotti, e a diretora da Biblioteca, a professora Ivonete Silva.
Durante o Encontro foram premiados os jovens leitores que mais retiraram livros durante o ano. Uma lembrança foi entregue a todos os presentes, expressando o compromisso da Prefeitura de Delta com a educação, a cultura e o incentivo à leitura para todos os cidadãos deste município.
O PROLER – Programa Nacional de Incentivo à Leitura – é um projeto de valorização social da leitura e da escrita vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e ao Ministério da Cultura (MINC). O Comitê do Vale do Rio Grande do PROLER realiza, há mais de dez anos, um encontro anual, um fórum de discussão das políticas públicas para o livro e a leitura e reuniões setoriais nas cidades que compõem o Comitê. A principal razão de sua existência é a democratização do acesso à leitura.
O Centro de Educação Ambiental Sítio da Pedreira participa do Comitê Vale do Rio Grande do PROLER e apóia o Programa em todas as suas ações.
Para muitas pessoas, ler é um prazer indescritível. Para outros é uma obrigação. Estudantes não poderiam passar pela escola sem ter lido umas tantas páginas, embora eu já tenha encontrado quem se vangloriasse de nunca ter lido um livro. Esse não soube o que perdeu. Em cada casa deveria existir uma biblioteca, por pequena que fosse, pois os livros são imprescindíveis, combinam com liberdade, com independência, com autonomia, com felicidade.
Do mesmo modo, cada cidade também deveria ter sua biblioteca pública, ou mais de uma(*). O ideal é que brotassem nos bairros, nas escolas, que fossem tantas quanto as praças existentes numa cidade, e que em cada uma delas existisse um local agradável para leitura, um caramanchão, uma pérgula, bancos confortáveis onde se pudesse passar belas manhãs ou tranquilas tardes. Imaginem as crianças brincando num gramado e as mães aproveitando seu tempo para ler. As pessoas mais velhas poderiam se reunir para trocar impressões de leituras, para comentar o último romance lido ou fazer uma indicação aos mais novos.
Associações de bairro, sindicatos, clubes deveriam se preocupar em montar sua própria biblioteca. Poderiam encarregar jovens estudantes universitários para que adquirissem os livros, montassem projetos de estímulo à leitura. Poderiam arregimentar pessoas dispostas a organizar as estantes, poderiam contar com a ajuda de bibliotecários para catalogar os livros. Bibliotecas comunitárias seriam montadas e dirigidas por moradores que dispusessem de tempo para tal. Professores poderiam elaborar roteiros, discutir autores, selecionar e sugerir a leitura dos clássicos, criar oficinas de criatividade, orientar quem quisesse escrever poesias, contos, romances...
Existem bibliotecas imensas, a maior delas nos Estados Unidos, a Biblioteca do Congresso, em Washington, DC. Foi fundada em 1800. Abriga cerca de 120 milhões de itens entre livros impressos, gravuras, manuscritos, discos e outros.
O Brasil possui boas bibliotecas, sendo uma das maiores a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. É considerada pela UNESCO a oitava biblioteca nacional do mundo, e é, também, a maior biblioteca da América Latina. Sua história relaciona-se com a antiga Livraria Real, de Portugal. No Brasil, constituiu-se a partir da transferência da rainha D. Maria I, de D. João, o Príncipe Regente, e da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. As sessenta mil peças iniciais, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, transformaram-se, hoje, em mais de nove milhões de itens.
Grandes ou pequenas, antigas ou novas, as bibliotecas deveriam ser respeitadas e frequentadas por todas as pessoas. Suas portas deveriam ficar sempre abertas para se garantir a chegada do futuro.
Das 1.300 cidades do País que não possuíam uma única biblioteca em 2003, segundo levantamento da época do IBGE, só 17 ainda não instalaram a sua. Dotar cada município de uma biblioteca é um esforço que agora completa cinco governos: teve início com Afonso Romano de Sant´Anna como presidente da Fundação Biblioteca Nacional na década de 1990 e ganhou impulso no governo Lula. Por que ainda não zerou essa lista suja? Porque alguns prefeitos simplesmente se recusam com a desculpa de que isso dá muito trabalho e alguma despesa.
Para tentar quebrar esse tipo de resistência, o Ministério da Cultura radicalizou: publicou, esta semana, portaria em que suspende repasses de verbas da pasta para cidades que não possuírem pelo menos uma biblioteca em funcionamento.
No final de novembro, estive em Araxá (MG), para divulgar o livro “Os bichos são gente boa” e o Centro de Educação Ambiental (CEA) Sítio da Pedreira.
O convite partiu da jornalista Ana Paula Machado Kikuchi, do Jornal Clarim, um dos mais lidos na cidade de Araxá e região. O Clarim completa, em 2011, quinze anos de circulação ininterrupta, e eu colaboro com artigos e crônicas desde o início, sempre na página dois, na coluna “Opinião”.
Além do Jornal Clarim, o Centro Universitário do Planalto de Araxá (UNIARAXÁ), a Fundação Cultural Calmon Barreto e a Academia Araxaense de Letras promoveram minha ida e a da Mara, esposa, professora como eu, diretora do CEA Sítio da Pedreira e responsável pelas ilustrações do livro.
Uma agradável noite de autógrafos aconteceu no átrio da Fundação Cultural Calmon Barreto, na quarta-feira. Entre os presentes estavam alguns vereadores, o livreiro Luiz Henrique Maluf, proprietário da Livraria Empório do Livro, a Secretária de Educação, Giovana Maria Mesquita de Paula Guimarães, e a superintendente da Fundação de Assistência à Mulher Araxaense, Lídia Jordão, além da equipe do Jornal Clarim, dando a maior força.
Na cidade, quem nos acompanhou o tempo todo, com muito carinho e atenção, foram a Ana Paula e a professora Cátia Maria Lemos Melo Zema, que é presidente da Academia de Letras, ouvidora do UNIARAXÁ e assina uma coluna semanal no Clarim.
Visitamos as escolas Colégio Atena, Colégio São Domingos, Escola Municipal Dona Gabriela, Escola de Aplicação Lélia Guimarães e o UNIARAXÁ. Em todas as escolas tivemos a oportunidade de conversar com os alunos e professores.
A experiência de conversar com crianças sobre literatura, livros e educação ambiental é extremamente gratificante e marcou a visita feita à cidade de Araxá. Perguntas espontâneas, revelações pessoais descontraídas, desejos ingênuos e singelos e a confiança num mundo melhor é a marca registrada das crianças. Nisso vale a pena apostar.
O mundo sempre mudou desde que é mundo, e vai continuar mudando. Eis aí uma constatação óbvia que, no entanto, não nos livra da obrigação de perceber e estudar estas mudanças e seus reflexos na vida humana. A segunda metade do século XX foi pródiga em mudanças. Mudanças geopolíticas importantes e outras de paradigmas que nos orientaram na busca de novos modelos e de respostas para os novos problemas que surgiram.
A economia mundial expandiu-se de forma fantástica no século XX. Esta expansão ocorreu de forma muito desigual, afetando países e povos de maneira positiva ou negativa em circunstâncias díspares e contraditórias, trazendo impactos significativos na vida das pessoas. A indústria desenvolveu novos materiais, processos e produtos sem os quais não se sabe se a humanidade conseguiria viver da forma como vive hoje. Entre eles estão os automóveis, a aviação, a informática, as telecomunicações e o plástico. Ao lado do grande progresso representado por tudo isso agravou-se a poluição e o que ficou conhecido como o custo social do progresso. Se a produção e o avanço técnico aumentaram numa rapidez incalculável em relação aos padrões do século XIX, o acúmulo de lixo no planeta torna-se um dos principais desafios no começo do século XXI. Oceanógrafos e outros estudiosos dos oceanos fizeram advertências graves sobre as condições de poluição dos mares, contaminados com toneladas de material plástico e outros poluentes, nem sempre visíveis. Até o século XIX, o lixo produzido era basicamente lixo biodegradável, hoje não.
Esta situação de degradação afeta principalmente as águas, bem imprescindível ao ser humano. Talvez a idéia de ciclo fechado presente no ciclo hidrológico tenha contribuído para se tratar a água com descaso. Além disso, a água é um solvente por excelência. Há quem diga que o planeta devesse ser chamado de planeta água devido à sua abundância na superfície terrestre.
Das mudanças que os últimos 20 anos trouxeram, uma delas refere-se às nossas concepções e práticas a respeito do uso da água. Existem aqueles que já falam na guerra da água como uma das tensões geopolíticas contemporâneas. Conflitos que já estariam ocorrendo, por exemplo, na África e no sudeste asiático.
Da água consumida no Brasil, uma parte é usada no abastecimento urbano residencial, outro tanto na indústria e uma grande parte na irrigação. Como se percebe, para que o setor agropecuário continue crescendo, a água é fundamental. Algumas estimativas dizem que um tomate necessita de 30 litros de água, um litro de leite precisa de 4 litros de água, e um quilo de carne consome 16 mil litros. Se a água é constante na superfície terrestre, temos de perceber, no entanto, que sua demanda cresce desproporcional em relação à capacidade de usá-la racionalmente, de garantir um aproveitamento de modo a não causar desperdício. Duas questões se colocam de forma preocupante: o seu aproveitamento racional e sua qualidade. De nada adianta a existência de água poluída, nem a fúria destruidora das águas que descem violentas, arrasando barrancos, arrancando árvores, isso para não falar de casas, pontes e plantações.
A água não vai acabar, mas cuidar dela é urgente. Seu uso sustentável significa conhecer melhor suas características, os efeitos das atividades econômicas sobre sua disponibilidade e sua qualidade, a correta administração dos mananciais e uma distribuição eqüitativa e justa. Significa também tratar o esgoto urbano e industrial e os dejetos oriundos da atividade agropecuária.
Membros do GT reiteram em carta que "qualquer aperfeiçoamento no quadro normativo em questão deve ser conduzido à luz da ciência"
O grupo de trabalho formado pela SBPC e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) para analisar o Código Florestal vigente e seu substitutivo, atualmente em discussão no Congresso, deve concluir suas atividades até dezembro, com apresentação de relatório técnico.
Desde julho, quando foi criado o grupo, foram realizadas três reuniões para debater a questão.
Em carta assinada pelos presidentes da SBPC, Marco Antonio Raupp, e da ABC, Jacob Palis, os membros do grupo defendem que a revisão do Código Florestal deve "considerar o grande avanço tecnológico na capacidade de observação da superfície continental a partir do espaço e indicar as lacunas de conhecimento científico ainda existentes".
Leia a íntegra da carta:
"Em 6 de julho de 2010, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) se manifestaram conjuntamente ( www.jornaldaciencia.org.br/links/Carta_SBPC_ABC_6dejulho.pdf ) com respeito a modificações no marco legal sobre a proteção e uso da vegetação brasileira em discussão pelo Congresso Nacional.
Ao mesmo tempo, essas instituições representativas da comunidade científica brasileira instituíram um grupo de trabalho composto por cientistas e representantes dos setores ambiental e agrícola brasileiros (lista dos participantes do grupo de trabalho abaixo) com a missão de analisar em profundidade a questão ampla do Código Florestal vigente e do substitutivo ao PL 1.876/1999, aprovado pela Comissão Especial de Revisão do Código Florestal.
O grupo de trabalho se reuniu por três vezes, desde julho último, e planeja concluir suas atividades até final de dezembro de 2010, com apresentação de relatório técnico detalhado. Julga-se apropriado tornar público, a título exemplificativo, alguns pontos importantes das análises realizadas pelo mencionado grupo de trabalho, como segue:
A comunidade científica brasileira deseja contribuir, significativamente, com informações confiáveis que embasem a modernização do Código Florestal brasileiro.
Análises aprofundadas da disponibilidade de terras para a expansão da produção de alimentos, fibras e bioenergia, para atendimento ao mercado interno e externo, pelo menos até o horizonte de 2020, não deixam dúvidas de que há estoque suficiente de terras agrícolas apropriadas para suportar uma expansão da produção, destacando-se o fato de que há ainda grande espaço para significativos aumentos sustentáveis da produtividade alicerçados em ciência e tecnologia.
A constatação anterior permite que se analise a necessidade de modificações do Código Florestal sob outra ótica, não premida por excessiva urgência e imediatismo, para que não se perca oportunidade histórica de incorporar os aperfeiçoamentos realmente necessários a tão importante diploma legal e feitos à luz do melhor conhecimento científico.
Os aperfeiçoamentos do Código Florestal, visando modernizá-lo e adequá-lo à realidade brasileira e às necessidades requeridas para promover o desenvolvimento sustentável, clamam por uma profunda revisão conceitual embasada em parâmetros científicos que levem em conta a grande diversidade de paisagens, ecossistemas, usos da terra e realidades socioeconômicas existentes no país, incluindo-se, também, a ocupação dos espaços urbanos.
Essa revisão deve considerar o grande avanço tecnológico na capacidade de observação da superfície continental a partir do espaço e indicar as lacunas de conhecimento científico ainda existentes.
Em essência, reiterando o que já manifestamos em 6 de julho passado:entendemos que qualquer aperfeiçoamento no quadro normativo em questão deve ser conduzido à luz da ciência, com a definição de parâmetros que atendam à multifuncionalidade das paisagens brasileiras, compatibilizando produção e conservação como sustentáculos de um novo modelo socioeconômico e ambiental de desenvolvimento que priorize a sustentabilidade."
Participantes do Grupo de Trabalho Código Florestal:
Aziz Ab´Saber (USP)
Carlos Alfredo Joly (Unicamp e Biota)
Carlos Afonso Nobre (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe)
Celso Vainer Manzatto (Embrapa Meio Ambiente)
Gustavo Ribas Curcio (Embrapa Florestas)
Helton Damin da Silva (Embrapa Florestas)
Helena Bonciani Nader (SBPC e Unifesp)
João De Deus Medeiros (Ministério do Meio Ambiente - MMA)
José Antônio Aleixo da Silva (SBPC e UFRPE, coordenador do GT)
Ladislau Skorupa (Embrapa Meio Ambiente)
Peter Herman May (UFRRJ e Amigos da Terra- Amazônia Brasileira)
Maria Cecília Wey de Brito (ex-secretária de Biodiversidade e Florestas, MMA)
Mateus Batistella (Embrapa Monitoramento por Satélite)
Ricardo Ribeiro Rodrigues (Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal - Esalq-USP)
Rute Maria Gonçalves Andrade (SBPC e Instituto Butantan)
Sergio Ahrens (Embrapa Florestas)
Tatiana Deane de Abreu Sá (diretora da Embrapa)
Publicado em: JC e-mail 4125, de 27 de Outubro de 2010.
O Centro de Educação Ambiental Sítio da Pedreira (CEA) é um local de vivências e aprendizagem que funciona junto à Fazenda Aroeirinha, zona rural do município de Uberaba, MG. Está situado a 15 km do centro da cidade, próximo à BR 050, sentido São Paulo.
Possui uma grande e agradável área verde, com muitas árvores e água por perto. Tem uma sala de aula, local para refeições, uma biblioteca e equipamentos de lazer. Oferece algumas trilhas, definidas a partir de critérios de aprendizagem do meio natural e contemplação da natureza. Na essência e propósitos, é um espaço de cultura, arte, lazer e reflexões sobre o meio ambiente e o mundo em que vivemos.
Um dos seus objetivos básicos é a oferta de cursos, nas mais diversas áreas, em especial os voltados para a Educação Ambiental, para aspectos relacionados a uma vida saudável, à alimentação orgânica, à produção sustentável e às diferentes leituras do mundo. Sua linha de atuação está focada na prática de atividades pautadas nas vivências ambientais, como trilhas, dinâmicas pedagógicas e demonstrações sobre preservação do solo, água, flora e fauna.
O espaço está aberto a propostas variadas, em que alguns princípios estejam sempre presentes: a consideração à sociobiodiversidade, a valorização da arte e da cultura, a flexibilidade, a ética e o respeito à individualidade. A intenção é trabalhar com crianças, adolescentes, adultos e pessoas da terceira idade interessados nestas temáticas. Na construção dos espaços, simples e rústicos, porém aconchegantes, foi observada a preocupação com a acessibilidade e o conforto ambiental.
No CEA Sítio da Pedreira é possível participar dos cursos, realizar atividades variadas, fazer caminhadas, conhecer trilhas na mata, acampar, fazer pesquisas ou simplesmente descansar e ouvir o som dos pássaros. O acervo da biblioteca está disponível para pesquisas e leituras.
O CEA Sítio da Pedreira é um espaço em permanente construção, aberto a novas ideias, propostas e parcerias. Venha nos fazer uma visita. Escreva um e-mail para sitiodapedreira@gmail.com ou então ligue para (34) 9972-6843 ou (34) 9996-6843. Blog: http://cea-sitiodapedreira.blogspot.com/
Na ensolarada manhã de sábado, dia 18 de setembro de 2010, aconteceu a sessão dupla de autógrafos dos autores Renato Muniz e Thiago de Melo Andrade. Foi na Livraria Alternativa, onde os dois receberam amigos e familiares, tudo sob os cuidados da excelente equipe da Alternativa: Thaís, Marcelo, Cátia, Joziane e os demais.
Os escritores autografaram seus livros “Os bichos são gente boa” (Renato Muniz – Giz Editorial) e “O ovo do elefante” (Thiago de Melo – Melhoramentos), recentemente lançados na XXI Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
Preciso contar a história do Zeca Antônio, um conhecido meu. Coitado! Desapareceu um dia desses e não há meio de encontrá-lo. Já tentamos de tudo: cartas espalhadas na Internet, cartazes pregados em postes, apelos dramáticos em portas de festas e até panfletos, que ironia!
Ninguém sabe contar ao certo como tudo começou. Parece que foi uma coisa simples, algo corriqueiro, assim como uma correspondência à toa colocada debaixo da porta. Alguns vizinhos, em depoimentos à polícia, disseram que acontecia de vez em quando. Ora uma propaganda, ora produto em oferta, uma loja em liquidação, revistas, convocatórias para reuniões, propagandas do governo, jornalecos de políticos repletos de fotografias três por quatro dos próprios, uma novidade qualquer, convites de casamento e, o pior, as contas a pagar e os extratos bancários. Tais papéis começaram a aparecer com maior freqüência e, como se não bastasse, às vezes viam em dobro, como para lembrar ao sujeito quanto ele tinha no banco ou qual era o seu saldo devedor.
Na lógica do Zeca Antônio, nada podia ser jogado fora. Segundo depoimento dos porteiros e faxineiros do prédio onde ele morava, nem os envelopes eram descartados, ele dizia que um dia poderia precisar deles. Para terem uma idéia do problema, até os catadores de lixo reciclável que atuavam na região reclamaram da pouca quantidade de material colocado para fora. O resultado foi que o volume de papel e assemelhados aumentou consideravelmente no interior do pequeno apartamento.
No começo, tudo cabia numa simples gaveta. Com o tempo, ele teve de procurar alternativas para o aumento do material guardado com esmero e carinho. A primeira solução foi passar a armazenar em pastas o seu acervo. Depois, tornou-se um verdadeiro profissional, começou a organizar por título, por assunto, por autoria, e não parou mais. Passou a arrumar as pastas em prateleiras, em estantes e armários. Separou as pastas por cores diferentes, organizou um índice, pensou inclusive em contratar um especialista em arquivos.
Em pouco tempo, todos os cômodos do apartamento já estavam tomados por pilhas de papéis. Pilhas enormes de folhetos, de envelopes, de panfletos, de cartas, de avisos etc. Em certa ocasião, tive uma oportunidade de visitá-lo e fiquei preocupado com o que vi. Tive de sentar numa pilha de jornais, as cadeiras e o sofá estavam tomados por papéis, e o Zeca ficou preocupado, me vigiava para ver se eu não tirava nada do lugar. Eram pilhas separadas por assuntos que só ele sabia o que significavam. Outras pilhas espalhadas pelo chão indicavam revistas e até documentos de imposto de renda de anos anteriores.
O Zeca já não tinha tempo para mais nada. Não saía com os amigos, não ia ao cinema, nem se interessava mais por futebol. Passava seus preciosos minutos organizando e arrumando papéis. E qualquer intervalo era pouco. Reclamava da falta de tempo, queixava-se que dormia pouco, já não se alimentava direito. Como não tinha tempo de preparar suas refeições, e como sua ajudante pediu demissão, pois não agüentava mais tanto papel, passou a pedir comida pelo telefone. Começou a colecionar as embalagens. No início por tipo de comida, por tamanho, por cor, por cheiro e daí por diante.
Um dia desses, liguei para ele e ninguém respondeu. O telefone tocou até a ligação cair. Liguei de novo e fiquei preocupado. Fui até o apartamento, toquei a campanhia e nada de atender. Conversei com o pessoal da portaria e nenhuma notícia dele. Com autorização policial arrombamos a porta e, para surpresa nossa, não encontramos o Zeca. Sumiu, sem deixar notícias. No apartamento apenas pilhas de papel. Quero acreditar que ele se encontra distante da realidade, perdido num mundo de papel, mas que um dia possa voltar. Tem gente que é assim, se esquece do mundo e das pessoas e se perde em preocupações e pilhas de papel.
A águapinga da torneira de modo cadenciado, constante, irritante. Os engenheiros seriam capazes de calcularquantoslitrosvãopara o raloem uma hora, umdia, uma semana, uma vidainteira.
Algumas pessoas, algunsprofissionais, conseguem realizarcálculos complicados, considerados difíceis para a maiorparte da população. Os biólogos, porexemplo, emespecial os botânicos, dizem que conseguem calcular a idade das árvores observando os anéis nostroncos cortados. Existem árvores que têm uma vida longa, como os jequitibás, verdadeiras testemunhas do passado. Muito interessante! Umjovem apaixonado ouumdesocupadoqualquer talvez não se preocupem comquestõescomo estas.
O Afonso Júnior, balconista da loja de eletrodomésticos, nas horas de folga, logoapós o almoço, vai para a praça, senta-se no banco, pegaumestilete e põe-se a escrever o nome de suanamorada no tronco de uma sibipiruna que está atrás do banco: Josenaide. Em uma semana, já desenhou “Josen”. Só dá tempo de fazer uma letrapordia. Se tudocorrerbemcom o namoro, vai terprazo de escrevertambém o próprionome e desenharumcoração dando a voltaemtodo o tronco, tudoparasimbolizarseuamorpor Josenaide.
No sábado à noite, quando foram tomarumrefrigerante no barzinho, ele comentou comela o que estava fazendo. Disse quesuademonstração de amor ficará registrada parasempre. Ela riu semgraça e prometeu passarpelapraçaparaver a arte do namorado. Sónão conseguiu entenderemqualárvore está escrito. Pensou emvozalta: - São todas iguais! A jovem, estudante universitária, não conhece nada de sibipirunas, ipês, hibiscos e outrosnomesesquisitosque o namorado citou. O quenemela e nemele sabem é que o abraço do coração, dependendo do tamanho, pode atématar a árvore.
Se a pobre árvore morrer, pode ser que não seja culpasó do balconista apaixonado, embora curioso, reprovável e triste o hábito de ferir espécies tão bonitas. Numa sociedadeemqueainda existem analfabetos e não se estimula a leituracomo se deveria, muitos ainda insistem emescrevernostroncos das árvores, danificando-as, prejudicando seudesenvolvimento, pois os entalhes podem ser a porta de entrada de fungosouocasionar a interrupção da seiva. Escrever uma carta seria bem melhor, não acham? Como as coisassão interligadas, intimamente relacionadas, talvezumdia o estímulo à leitura encontre correspondênciaematitudes ambientais não predatórias e vice-versa.
Foi lançado no último sábado, dia 14 de agosto de 2010, na XXI Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o livro "Os bichos são gente boa", de Renato Muniz Barretto de Carvalho, com ilustrações de Mara Maciel.
Trata-se de um livro de contos sobre alguns bichos que habitam o Cerrado brasileiro. O livro foi publicado pela Giz Editorial (www.gizeditorial.com.br).
Da Apresentação:
Doze contos, alguns meninos e meninas espertos, muitos bichos, uma região imensa, rica e importante pela sua biodiversidade. Uma região marcada pela presença de inúmeras nascentes, por rios de águas cristalinas e por uma beleza que encanta crianças e adultos.
Trata-se do Cerrado, um dos biomas brasileiros, onde se localizam várias cidades, grandes plantações, muitas indústrias, parques nacionais, além da própria capital do Brasil. Um bioma ameaçado, com espécies em risco de extinção, um bioma que precisa ser mais bem conhecido, admirado e preservado.
As histórias reunidas no livro tentam mostrar um pouco da riqueza da fauna e da flora do Cerrado. Falam de aventuras e desventuras, de situações que deram certo e de outras cujo final tem, ainda, a possibilidade de ser diferente.
Foram escritas para quem tem vontade de mudar o mundo e se encanta com coisas simples e belas, como as flores do Cerrado.
Algunsentusiastas dos e-books, os livroseletrônicos, argumentam que o meioeletrônico economizaria árvores, porqueumlivro de cempáginas consome tantas árvores etc., etc. Não vamos nosdeteremnúmeros e estatísticastão ao gosto de certosarticulistas, masampliar o debate, abrir a cabeça.
Antes de continuar, é bomque se diga que, emmeioeletrônicoouimpressoempapel, no formato tradicional ouemqualqueroutropossívelformatoque venha a existir, as idéiasnão desaparecerão, as pessoasnão deixarão de inventarhistóriasou de relataracontecimentos, de registrarsuasviagens, de contarsuasmemórias, tampouco deixarão de debaterteoriasoufazerpesquisas e divulgá-las.
As sociedades primitivas valiam-se de uma intensa oralidade. Estudos de antropologia dizem que a tradição passava de pai para filho através de longos rituais onde ouvir e contar histórias estava no centro da formação e manutenção da identidade do grupo, significando sua própria continuidade enquanto organismo social ou etnia. Inúmeros relatos sobre primeiros contatos entre pessoas que desconhecem a língua do outro registram intensas tentativas de diálogo, valendo toda forma de expressão, de gestos a falas intermináveis, talvez em busca de palavras ou sons semelhantes, capazes de estabelecer uma ponte entre os diferentes.
A oralidade, a roda de prosa, o bate-papo e as conversasnão desapareceram. Os registros evoluíram dos desenhos nas paredes de cavernas, muros, portais, da invenção das letras e palavras, até a forma consagrada por Gutenberg, o livrotalqual o conhecemos hoje. O rádio e a televisãonão acabaram com o livro e nem creio que o computador vá fazê-lo.
Nunca se produziu tantolivro na história da humanidadecomohoje. As pessoas estão lendo mais, freqüentam livrarias, discutem livros, presenteiam livros. Ainda é pouco. É precisoescrevermais, produzirmaislivros, criarmaisbibliotecas, discutirmais o livro, a produçãoliterária, enfimlermais.
E a questão ecológica? E as árvores abatidas para produzir o papel? Não são os livros os culpados pelo seu desaparecimento. São as queimadas criminosas praticadas desde os tempos coloniais e que permanecem, atualmente relacionadas a um setor arcaico do agronegócio, moderno na utilização de insumos e nas quantidades produzidas, ultrapassado quando se pensa nas relações humanas, na permanência do trabalho escravo, na concentração de terras e na relação predatória com o meio ambiente. Nas queimadas que avançam sobre a Amazônia, sobre a Mata Atlântica e o Cerrado abrindo caminho para a soja, a pecuária e, no seu encalço, outras culturas consumidoras de agrotóxicos, água e terras férteis.
A culpa é de políticas que sempre beneficiaram uns poucos em detrimento da maioria, é da ausência de políticas públicas discutidas amplamente e voltadas à preservação, não apenas como valor em si, mas também como elemento vinculado à qualidade de vida.
A culpa é de uma visão que ainda vê na burocracia um instrumento de controle e opressão social, que valoriza boletos bancários, cópias autenticadas, talonários de multas, segundas vias, certidões e papéis sem valor algum para a cultura e o bem-estar humanos. Livros, ao contrário de papéis inúteis e de outros instrumentos de poder de um estado ainda muito autoritário e a serviço de grupos minoritários, podem, ao lado da educação ambiental, ajudar a combater a poluição e o desmatamento, a construir estilos de vida mais saudáveis.
Certa vez, na faculdade, apareceu um cara engraçado. Não era o tipo físico, e o fulano nem fazia gracinhas ou contava piadas. O fato é que ele ficava próximo da porta da sala de aula, do lado de fora, escutando minhas aulas. Não percebi nas primeiras vezes, e custei a entender o que realmente acontecia. Cheguei a convidá-lo para entrar, mas ele se recusou.
Percebi aos poucos sua freqüência às aulas, até porque ele era bastante discreto. Como eu estava envolvido com a aula, com os alunos que estavam dentro da sala, preocupado em dar uma explicação ou orientar um grupo, nem notei, de início, sua presença. Não sei quando ele começou o curso, mesmo porque ele não tinha feito matrícula, muito menos seu nome constava no diário de classe.
Depois, quando me acostumei com sua presença, até me preocupava se ele estava compreendendo, se tinha dúvidas ou queria fazer algum questionamento. Mas como ele ficava do lado de fora, nunca soube como era seu aprendizado. Supondo que a iniciativa própria constitui-se em pré-requisito básico para a aprendizagem, imaginava que alguma coisa ele aprendia.
O problema era a falta de diálogo entre nós dois, pelo menos um diálogo formal, entre aluno e professor. Eu me esforçava para ser o mais claro possível, expor a matéria, quando era o caso, da maneira mais didática que eu conseguia.
Não era um diálogo de surdos, porque tanto um quanto outro ouviam perfeitamente. O problema era saber se havia entendimento, compreensão do conteúdo, pois não existia retorno. Tão pouco era uma questão de método, pois as aulas não eram, a não ser em determinados momentos, expositivas. O problema do retorno é que, como professor, com uma visão mais de orientador do que de palestrante, mais de trabalho pedagógico do que de discurso, mais de parceiro do que de representante comercial fazendo relatório de vendas ou balconista desfiando tópicos de um receituário técnico, faltavam elementos de acordo com que os pedagogos costumam chamar de processo ensino-apredizagem.
Como a sala tinha várias alunas, cheguei a pensar que ele estivesse interessado numa delas. Mesmo não tendo a confirmação, soube depois que não era essa a razão da sua, digamos, freqüência às aulas. Parece que era puro interesse mesmo.
Um dia, encerrei bruscamente a aula, dispensei os alunos e, antes que ele desse por si, eu o chamei para dentro da sala. Sua assiduidade e sua curiosidade me intrigavam. Mas incomodavam também sua passividade, seu silêncio, sua atitude de quase invisibilidade. Perguntei se gostava das aulas, se o assunto o interessava. Ele disse que sim. Perguntei se queria uma cópia dos meus apontamentos. Ele disse que não, que não saberia o que fazer com eles.
Uma das minhas frustrações, como professor, é que nem sempre quem está dentro da sala de aula quer estar lá, e quem, às vezes está fora, quer estar dentro. Não é fácil fazer a troca e isso não depende só do professor.
O “meu aluno” freqüentou pouco as aulas, pouco mais de um mês e já não o avistei mais nos corredores. A vida de professor nos obriga a correr de um lado a outro da cidade, de sala em sala, mal temos tempo de guardar o nome de todos os alunos, de dar a devida atenção a cada um deles. Esse aluno, como a maioria, passou, foi embora e nem do seu nome eu me lembro mais.
Era um dos faxineiros da escola, encarregado da limpeza das salas depois de encerradas as aulas. Chegava mais cedo para assistir às minhas aulas e cumpria, noite afora, uma extensa agenda, lendo e depois limpando as lousas, desdobrando papéis amassados, desvendando recados, fórmulas e outros escritos nas mesas e carteiras. Como não rendia no serviço, nas palavras do encarregado do setor, foi demitido com um pouco mais do que dois meses de serviço. Um caso típico de evasão escolar ou, se quiserem, exclusão pedagógica.
Em 1938, enfrentando inúmeras dificuldades, o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss estudou os índios Nambiquara, ao norte de Cuiabá. Segundo relato belíssimo no livro Tristes Trópicos, ir de Cuiabá ao Amazonas era mais fácil via Rio de Janeiro e daí pelo mar até Belém e depois Manaus. Em 1907, o então coronel Cândido Mariano da Silva Rondon iniciou a penetração nesta região, levando uma linha telegráfica ao interior desconhecido do país. Mas, até 1938, ainda poderíamos falar de um “oeste” (far west) brasileiro.
O antropólogo passou um tempo entre os Nambiquaras e descreveu alguns de seus hábitos, relatou seu cotidiano, sua organização familiar, suas crenças, seus hábitos alimentares, sua organização social. Ele conta no livro que os índios dormiam no chão, ao lado de fogueiras, e quando o fogo se extinguia eles rolavam nas cinzas ainda quentes, para se proteger do frio. Conta que nunca viu uma criança apanhar nem receber qualquer tipo de castigo. Nômades, os índios, na época da seca vagavam pelo cerrado à procura de alimento. Ele conta, também, que “todos os bens dos Nambiquara cabem facilmente na cesta carregada pelas mulheres durante a vida nômade. Essas cestas são de taquara rachada, trançada de forma bem aberta com seis tirinhas, formando uma rede de malhas largas estreladas.”
Penso na distância cada vez maior que vai se estabelecendo entre o presente e o passado. Isso é inevitável e óbvio, mas me preocupo com a velocidade com que esse processo se desenrola, nas características dele e nos seus efeitos nas pessoas.
Observando as cidades do interior do Brasil, vejo, num domingo, várias pessoas sentadas na calçada, em frente às suas casas, conversando, trabalhando ou simplesmente vendo o dia passar. Para os Nambiquaras o contato com a natureza era completo, a relação era de dependência estrita, integral. O convívio com os animais, a busca por alimentos, a caça, os medos e alegrias referem-se ao meio ambiente de modo privilegiado. Hoje, a cidade domina. Desta forma se expressou o sociólogo Octavio Ianni, num domingo, no jornal Folha de São Paulo (19/08/2001): “O mundo já é uma grande cidade. Uma cidade modulada em muitas cidades. Cidades em cadeias encadeadas, esgarçadas entre si ou atadas umas às outras, umas dentro das outras. Vistas assim, em perspectiva ampla, são as cidades que compõem a cartografia do mundo, uma vasta cartografia urbana, arquitetônica, simultaneamente caótica e babélica; a mais fantástica obra de arte coletiva.”
Que distância se coloca entre esta grande cidade e o Brasil da década de 1930 ou do território e vida dos Nambiquaras? Muita coisa mudou e não sei se as pessoas se dão conta destas mudanças. A calçada não é o solo arenoso do cerrado seco no mês de agosto na região Norte do Brasil, mas as pessoas estão no chão, na frente de suas casas como se quisessem interagir com uma natureza que não é mais a de tempos atrás.
As pessoas estão nas ruas porque suas casas são, cada vez mais, menores, baixas, quentes, isoladas por grades ou por muros altos. São guardadas por cachorros bravos eternamente amarrados a grossas correntes, nervosos, neuróticos, agressivos e perigosos. As pessoas estão nas cidades porque querem estar umas perto das outras, porque foram expulsas do campo, porque querem “comida, diversão e arte” como cantaram os Titãs.
O mundo vai mudando rapidamente e isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Certos mecanismos nos isolam, outros nos aproximam. Muitos fogem das cidades nos domingos e feriados, numa corrida louca em busca da natureza perdida. Vão para a praia, para as montanhas, para os parques, para o campo, simplesmente para passar o dia. Uns vão para a rua porque não têm outra opção, outros se cercam, se aprisionam em imensos e modernos castelos. Um dia, num futuro que pode estar cada vez mais próximo dada a velocidade com que se processa o transcorrer dos tempos, as contradições vão se aproximar mais de perto, e este encontro pode ser um embate, não uma confraternização. Aí teremos “saudades do futuro”, como disse certa vez o geógrafo Armando Corrêa da Silva.
Este blog é uma proposta aberta de leitura, de informação e de discussão sobre educação ambiental, viagens, livros, literatura e memória. A intenção é apresentar várias leituras do mundo, sempre tentando destacar as abordagens sob um viés socioambiental progressista. As principais referências são: a liberdade de expressão, a valorização da cidadania planetária e o respeito à sociobiodiversidade.
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