segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bibliotecas para o futuro

Renato Muniz Barretto de Carvalho

Para muitas pessoas, ler é um prazer indescritível. Para outros é uma obrigação. Estudantes não poderiam passar pela escola sem ter lido umas tantas páginas, embora eu já tenha encontrado quem se vangloriasse de nunca ter lido um livro. Esse não soube o que perdeu. Em cada casa deveria existir uma biblioteca, por pequena que fosse, pois os livros são imprescindíveis, combinam com liberdade, com independência, com autonomia, com felicidade.

Do mesmo modo, cada cidade também deveria ter sua biblioteca pública, ou mais de uma(*). O ideal é que brotassem nos bairros, nas escolas, que fossem tantas quanto as praças existentes numa cidade, e que em cada uma delas existisse um local agradável para leitura, um caramanchão, uma pérgula, bancos confortáveis onde se pudesse passar belas manhãs ou tranquilas tardes. Imaginem as crianças brincando num gramado e as mães aproveitando seu tempo para ler. As pessoas mais velhas poderiam se reunir para trocar impressões de leituras, para comentar o último romance lido ou fazer uma indicação aos mais novos.

Associações de bairro, sindicatos, clubes deveriam se preocupar em montar sua própria biblioteca. Poderiam encarregar jovens estudantes universitários para que adquirissem os livros, montassem projetos de estímulo à leitura. Poderiam arregimentar pessoas dispostas a organizar as estantes, poderiam contar com a ajuda de bibliotecários para catalogar os livros. Bibliotecas comunitárias seriam montadas e dirigidas por moradores que dispusessem de tempo para tal. Professores poderiam elaborar roteiros, discutir autores, selecionar e sugerir a leitura dos clássicos, criar oficinas de criatividade, orientar quem quisesse escrever poesias, contos, romances...

Existem bibliotecas imensas, a maior delas nos Estados Unidos, a Biblioteca do Congresso, em Washington, DC. Foi fundada em 1800. Abriga cerca de 120 milhões de itens entre livros impressos, gravuras, manuscritos, discos e outros.

O Brasil possui boas bibliotecas, sendo uma das maiores a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. É considerada pela UNESCO a oitava biblioteca nacional do mundo, e é, também, a maior biblioteca da América Latina. Sua história relaciona-se com a antiga Livraria Real, de Portugal. No Brasil, constituiu-se a partir da transferência da rainha D. Maria I, de D. João, o Príncipe Regente, e da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. As sessenta mil peças iniciais, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, transformaram-se, hoje, em mais de nove milhões de itens.

Grandes ou pequenas, antigas ou novas, as bibliotecas deveriam ser respeitadas e frequentadas por todas as pessoas. Suas portas deveriam ficar sempre abertas para se garantir a chegada do futuro.

(À professora Tânia Ulhoa, pelo apoio).

* Só 17 cidades ainda não têm biblioteca

(Por Galeno Amorim: http://www.blogdogaleno.com.br/, em 02/12/2010)

Das 1.300 cidades do País que não possuíam uma única biblioteca em 2003, segundo levantamento da época do IBGE, só 17 ainda não instalaram a sua. Dotar cada município de uma biblioteca é um esforço que agora completa cinco governos: teve início com Afonso Romano de Sant´Anna como presidente da Fundação Biblioteca Nacional na década de 1990 e ganhou impulso no governo Lula. Por que ainda não zerou essa lista suja? Porque alguns prefeitos simplesmente se recusam com a desculpa de que isso dá muito trabalho e alguma despesa.

Para tentar quebrar esse tipo de resistência, o Ministério da Cultura radicalizou: publicou, esta semana, portaria em que suspende repasses de verbas da pasta para cidades que não possuírem pelo menos uma biblioteca em funcionamento.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como amante da página impressa só posso concordar inteiramente com a ideia do seu texto, de que as bibliotecas deveriam proliferar por toda a cidade em todas as cidades...

Infelizmente, nosso país ainda está muito atrasado na questão leitura. Os brasileiros simplesmente têm deixado de desenvolver esta aventura tão fascinante que é o mundo literário. Sem falar no preço dos livros (ainda muito caros) que desestimulam ainda mais o hábito de ler.

Mas suas impressões foram-me bem colocadas! Parabéns, professor.

Pê.

Anônimo disse...

Ah, por falar em leitura, gostaria de convidá-lo a visitar meu espaço: ABUSCADEMIMMESMO.WORDPRESS.COM

Espero que goste!

Pê Sousa