domingo, 27 de abril de 2014

Atividades de março e abril de 2014

Nos meses de abril e março de 2014, participei de algumas atividades bem interessantes: coordenei duas visitas técnicas, com alunos do Curso de Engenharia Ambiental da FACTHUS, e fiz uma visita pessoal à Primavera dos Livros, em São Paulo.

Abaixo, algumas fotos dos eventos e duas notícias publicadas na página da FACTHUS sobre as atividades.

DSC00454
Mara e Renato na Praça Dom José Gaspar, São Paulo

DSC00458
Mara e Renato com Simone Mateus, editora da Giz Editorial (que publica o livro Os bichos são gente boa).

Alunos do Curso de Engenharia Ambiental da FACTHUS fazem visita técnica ao aterro sanitário de Uberaba

10 abril, 2014 - Notícias
site
Grupo de alunos e professores no aterro sanitário de Uberaba, MG

Alunos e professores do Curso de Engenharia Ambiental da FACTHUS visitaram, no dia 05 de abril de 2014, o aterro sanitário de Uberaba, localizado na Avenida Filomena Cartafina. Lá foram gentilmente recebidos pelo Engenheiro Ambiental João Paulo, que acompanhou o grupo durante toda a manhã, fornecendo explicações e respondendo às inúmeras perguntas feitas pelos alunos.

O aterro sanitário de Uberaba está estruturado para receber os resíduos domésticos e de pequenos estabelecimentos comerciais exclusivamente da cidade de Uberaba. Recebe cerca de 300 toneladas por dia, que são compactados em uma célula projetada para durar oito anos.

No aterro, os alunos puderam observar os serviços realizados, desde a chegada dos caminhões que recolhem o lixo na cidade, até sua disposição final e compactação, e também visitaram as lagoas de decantação para tratamento do chorume produzido.

A questão do recolhimento e disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos é uma questão ambiental importante na atualidade, uma vez que não se admite mais a existência dos antigos lixões e muito menos de famílias em situação de risco vivendo nesses locais. Para os futuros engenheiros ambientais o conhecimento do assunto, através de visita ao próprio local da disposição, representa um ganho significativo em termos de aprendizagem.

A visita foi acompanhada de perto pelas professoras Alcione Wagner, Fabiana Lana, Helena Alves, Marinês Caetano e Rafaela Vilas Boas, e também pelo coordenador do Curso, professor Renato Muniz.

Alunos ouvem explicações sobre o aterro
Renato e um grupo de alunos
Visão do aterro
Da esquerda para a direita: professores Fabiana, Alcione, Rafaela e Renato

Alunos de Engenharia Ambiental visitam Estação de Tratamento de Esgoto do CODAU

31 março, 2014 - Notícias
00001
Grupo de alunos na Estação de Tratamento de Esgoto do CODAU, Uberaba, MG

No último sábado de março, dia 29, 42 alunos e dois professores do Curso de Engenharia Ambiental da FACTHUS realizaram uma visita técnica à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do CODAU.

Visitas técnicas fazem parte das atividades desenvolvidas no Curso de Engenharia Ambiental e constituem momentos importantes de aprendizagem. É quando a prática e a realidade se apresentam, confirmando as teorias estudadas em sala de aula e nos laboratórios e propiciando uma aprendizagem mais significativa e dinâmica. O processo ensino-aprendizagem se enriquece e os alunos ganham em vivência e conteúdo.

Durante toda a visita, alunos e professores da FACTHUS foram acompanhados pela professora e educadora ambiental do CODAU, Ivone Borges, que percorreu toda a ETE com os alunos, explicando os processos e respondendo a inúmeras questões.

Os professores da FACTHUS, Helena Alves e Renato Muniz, participaram da visita e elogiaram muito o interesse e envolvimento dos alunos do Curso.

A ETE Francisco Velludo, do Rio Uberaba, trata cerca de 76% dos esgotos coletados na cidade de Uberaba. A eficiência do tratamento ultrapassa os 90%. A tecnologia usada na ETE encontra-se em constante aperfeiçoamento e novas tecnologias devem ser incorporadas no futuro, como o aproveitamento do lodo resultante do tratamento biológico. Para os engenheiros ambientais é uma atividade essencial e a FACTHUS propicia isso aos seus alunos.


Alunos ouvem explicações da educadora ambiental Ivone Borges, do CODAU
DSC00393
Visita dos alunos à ETE

sábado, 19 de abril de 2014

Gabriel García Márquez





Quem foi Gabriel García Márquez?

No livro “Viver para contar”, seu livro de memórias, de 2002, publicado no Brasil logo em seguida (Record, 2003), com tradução do Eric Nepomuceno, e várias edições na sequência, Gabriel García Márquez relata, na penúltima página (p. 473) o seguinte trecho (em resposta à pergunta do porteiro de um prédio):

– O que eu não entendo, dom Gabriel, é por que o senhor nunca me disse quem era.
– Ah, meu caro Lácides – respondi, mais dolorido que ele –, eu não podia dizer porque até hoje nem eu mesmo sei quem sou.

Hoje, para além da sua data de nascimento e de morte e da relação de suas obras, muita gente pergunta, e muitos tentam responder: quem foi o escritor Gabriel García Márquez? Ora, foi um grande escritor, sem dúvida! Escreveu livros maravilhosos, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, em 1982, foi um grande contador de histórias, romancista, contista e jornalista, que soube como poucos retratar o povo e a cultura latino-americana nos seus livros, contando sempre a Colômbia, é claro, e sua inesquecível Macondo, isto é, Aracataca, sua cidade natal, mas que, no fundo, é toda a América Latina, da Argentina e o Chile ao México, de norte a sul, de leste a oeste.

E suas posições políticas? Muita gente quer saber, uns querem descaracterizá-lo e esvaziá-lo de conteúdo, como se o escritor não fosse produto de seu tempo. Trata-se de um grande equívoco confundir autor e obra, mas, se alguém quiser saber, o melhor a fazer é ler seus livros, aí se encontram as respostas, aí, nas suas obras, é possível descobrir a crítica ferrenha da burocracia, a ironia mais eficaz contra a opressão, a sátira aos poderosos, o encantamento com o povo mais simples dos recantos inusitados desse rico continente.  

Se procuramos, no que ele escreveu, alguma mensagem, é esta: um outro mundo é possível, viver uma vida melhor e diferente da que temos é uma possibilidade humana e real, apesar dos que só sabem reforçar o obscuro em tudo o que fazem e pensam, e ainda querem impor aos demais, pois vivem para exaltar a morte, a tristeza, contra a alegria e a riqueza da vida. Esses nunca vão compreender sua literatura fantástica.

Gabriel García Márquez, nos seus livros, nunca se contentou com a falta de criatividade, de cor, de amor, de fantasia e de luz. Foi um escritor crítico e criativo, repartiu conosco os sonhos fantásticos de seu povo, isto é, de nós todos, e vai sempre nos ajudar a descobrirmos, um pouquinho mais a cada linha, quem somos. 

Querem saber mais? Leiam seus livros, são ótimos. Vejam, abaixo, algumas capas de edições brasileiras. 

Valeu Gabo!

(Renato Muniz B. Carvalho)


















sábado, 12 de abril de 2014

A chuva: observações de um meteorologista amador





Renato Muniz Barretto de Carvalho

Perdi o sono. Não, desta vez não foi a crise financeira mundial, nem os rumos da política ou o iminente desastre educacional. Também não foram as dívidas e os incontáveis credores, nem a ameaça preocupante do desemprego. Foi a chuva.

Eu não quero dormir porque gosto de escutar a chuva. Nada mais. Quero escutar a chuva. A chuva goteja ou pinga? Às vezes confundo o som das gotas com o tic tac do relógio. A chuva confunde o tempo, tapeia as horas – é para isso que a chuva serve. Cada gota de chuva que cai faz um som diferente. Depende de onde cai. Se cai numa folha larga faz um som, se cai no cimento faz outro som, e assim por diante, cada gota um som. A cadência da chuva mansa é a mesma do relógio da parede: tic tac, tic tac...

Não sei se o som do relógio marca a chuva ou se é a chuva que organiza as horas. A chuva cai, o tempo passa, mas parece que demora mais. A chuva atrasa o tempo, engana o futuro, estica a vida. Por isso não gosto de dormir quando a chuva cai. Algumas pessoas dizem que é bom dormir ouvindo a chuva; eu prefiro ouvir a chuva, então que se dane o sono.

A chuva acelera o passo, mais gotas juntam-se na sinfonia das horas, engrossam a enxurrada, encharcam a terra, inundam as várzeas, enchem os canais dos rios, desbarrancam morros, desabam casinhas.

As horas também fazem um estrago na vida da gente. Carregam muitas coisas com elas, para bem longe, tão longe que não as alcançamos mais. Um antigo mito, anotado por Heráclito, diz que uma pessoa não consegue se banhar duas vezes nas mesmas águas de um rio. Isso também vale para as horas. O tempo é um rio que transborda pedaços de vida até a foz, até a desembocadura, onde todas as vidas e todas as águas se juntam. Águas e horas tornam-se uma só, misturam-se sem maiores explicações, sem razões. Entrelaçam-se no vapor que sobe até as montanhas mais altas, na neblina que emana das florestas densas e das cachoeiras. Namoram na umidade das madrugadas frias e silenciosas, até desaparecerem no calor suave das manhãs ensolaradas.

A chuva passa, aquieta-se, às vezes deixa vestígios, às vezes desaparece, vai embora sem que se perceba. Assim é o tempo; quando a gente acha que entendeu alguma coisa, vupt!, ele voa, ofusca-se e é preciso ir em busca da ocasião que se perdeu, do trem que partiu, do sentimento submerso no esquecimento, ou aguardar mais uma oportunidade, agarrar uma chance. São andamentos que podem vir na forma de uma tempestade, quando o ideal seria uma chuvinha meiga, ou vice-versa.

A chuva é aguardada, ansiosamente esperada e reverenciada. Ela marca as estações, delimita o tempo de plantio, renova a vida. A temporada certa, a inclinação apropriada, a distância entre o Sol e a Terra e o movimento da pressão atmosférica são elementos que se conjugam e se encarregam de garantir a existência da água. O tempo permite que as águas escorram devagar pelos troncos, se infiltrem no solo e percorram as raízes, envolvam amorosamente as raízes para que, um dia, mais adiante, brotem, formando riachos, córregos, ribeirões, arroios, rios, lagoas, mares e lágrimas...

Uma hora, sem mais nem menos, a chuva para, a vida também. Às vezes são intervalos, às vezes, no caso da vida, é para sempre. O sono veio e vou dormir. A chuva cumpriu seu papel: irrigou meus sonhos, aguou minhas esperanças.