sexta-feira, 8 de junho de 2012

Uma professora especial: rabiscos (parte I)



Vou iniciar agora, neste blog, a publicação de um pequeno diário. Trata-se do diário da minha bisavó, a professora Elisa Wagner Wey Muniz Barretto (1883 – 1970), cujo pai veio da Suíça e a mãe era natural de Sorocaba (SP).

Eu a conheci pouco, pois morávamos longe dela, mas, das ocasiões em que nos encontramos, as recordações que ficaram são muito boas. Lembro-me da sua paciência com os bisnetos, de seu carinho, de sua determinação e firmeza em tomar sua dose diária de insulina, o que fazia com uma seringa de agulha fininha. Ela mesma se medicava, sistematicamente, sem reclamar de dor ou da vida. Seu caráter, sua atenção com minha mãe, sua neta, e conosco, os bisnetos, era muito especial.

Trabalhou 31 anos como professora primária, com uma dedicação digna de nota. Teve 5 filhos, muitos netos e bisnetos.

Vou publicar o diário em partes e, na medida do possível, tentarei inserir comentários históricos e sociológicos que possam esclarecer aspectos de sua vida e de sua atuação enquanto professora primária, esposa, mãe e avó. Ela viveu no interior de São Paulo, na primeira metade do Século XX, percorrendo inúmeras cidades, sempre lecionando ou acompanhando o marido. Depois se transferiu para a capital.

Neste primeiro momento, não farei correções, sejam quais forem, de adequação gramatical ou histórica. Limito-me a copiar suas anotações, conforme se encontram no Diário, uma antiga agenda de 1955.


Minha bisavó e eu, no quintal de casa, em Uberaba, MG.

O Diário (primeira parte)

Em abril de 1957 completei 74 anos e como ainda me sinto lúcida, prometi ao Sylvio, meu primeiro neto, que escreveria alguma cousa sobre a minha vida. Nasci em Sorocaba, no dia 23 de abril de 1883. Meus pais: Germano Wey (de origem suíça) e Anna Wagner Wey, brasileira.

Quando eu tinha dois anos e meio mudamo-nos para Conchas (SP), localidade da Sorocabana, porém não era servida ainda pela estrada de ferro. Nossa mudança foi feita em carro de bois, sendo que a família também foi transportada no mesmo veículo.

A minha irmã mais velha chamava-se Maria (falecida). Em seguida, meu mano Hermelino e, após este, Virgílio. A quarta da família sou eu. Mais tarde, nasceram Hermínia, Antonio, Germano, Júlia, João e Cornélio.

Mariquinha, Virgílio, Hermínia e Germano não pertencem mais a este mundo. Éramos dez ao todo. Mariquinha não quis estudar e casou-se muito cedo, com apenas 16 anos de idade.

Em Conchas não havia escola, de modo que eu fui para Tietê, em casa de uma tia, onde aprendi as primeiras letras. Aos dez anos, mamãe mandou-me para a casa de minha avó, em Sorocaba e aí eu fiz o 2º e o 3º anos de grupo escolar. Quando completei 12 anos, vim para São Paulo, a fim de continuar meus estudos.


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