segunda-feira, 19 de agosto de 2019
Poesia
Poesia: pra quê?
Renato Muniz
Barretto de Carvalho
Para muita gente boa, poesia é o ápice da criação
literária. Dizem que um bom poema é capaz de atingir o fundo da alma ou o ponto
mais secreto do cérebro; pode fazer chorar, sorrir e estimular o raciocínio do
mais insensível ser humano. Tenho muitos conhecidos que guardam, ao lado de
fotografias de pessoas queridas, um poeminha predileto. Quem nunca guardou uma
poesia escondida na dobra da carteira ou no fundo da bolsa que atire a primeira
pedra! Aliás, “tinha uma pedra no meio do caminho…”. Para outros, e ainda bem
que são poucos, poesia é algo inútil. Eu fico com os primeiros.
O João, por exemplo, é um amigo que está entre os
primeiros: ele adora poesias. Quanto aos que não gostam, prefiro nem comentar
nem citar nomes. Ninguém é obrigado a gostar, mas o João é professor de
História e me contou que tem um acervo de mais de cem poesias para uso em suas
aulas. Todo início de aula, ele pede a um aluno que vá à frente da sala e
declame um poema. Os alunos são encarregados de trazerem a poesia. Se não
trouxerem, e isso não é uma coisa que o aluno é forçado a fazer, o João já tem
a poesia e saca na hora, do próprio bolso. Ele diz que poema tem de estar
pronto pra usar, de preferência num lugar acessível. Quando menos se espera,
vamos precisar de poesia; portanto, é gênero de primeira necessidade.
O João me disse que nenhum aluno é coagido a se
tornar poeta, muito menos crítico literário — ele apenas mostra a importância
dos textos literários. Gostar é outra coisa, deve ser espontâneo, vem com o
tempo, mas devemos garantir o acesso à literatura, senão fica difícil apreciar
e entender.
Tem poesia de tudo quanto é jeito, estilo, formato,
tamanho e mil coisas que nem sei se eu saberia mencionar. Tem pra tudo quanto é
gosto: antigas, modernas, as do futuro, as que todo mundo decora, as que pouca
gente conhece e as que nem existem ainda, as que virão — porque poesia é uma
coisa que nunca vai acabar. Tem poesia com rima, sem rima, tem poema visual,
com temática política, amorosa, religiosa, sensual, histórica, etc. Basta
escolher! Tem na internet, inclusive dos maiores poetas, os atuais e os
antigos. Tem do Camões, da Cecília Meireles, do Fernando Pessoa, da Hilda
Hilst, do Olavo Bilac, do Maiakovski, da Ana Cristina Cesar, do Drummond, da Florbela Espanca,
do Manuel Bandeira, da Cora Coralina e de poetas que estão começando agora.
É pena, mas tem gente que não sabe nada disso! Há
aqueles que acham poesia algo muito estranho, subversivo, enigmas de outro
mundo, um desassossego, e aqueles que não querem saber dela em lugar algum.
Ainda bem que tem os que colocam poesias nos postes, nos muros, nos ônibus, na
internet, no metrô, nas praças e até publicam livros. Vou te revelar um
segredo: sem poesia não haverá futuro.
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