terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Aconteceu em 2011: outubro em Pirajuba (MG)

No dia 1º de outubro de 2011, aconteceu o IV Piralira, Encontro Literário de Pirajuba (MG). Estivemos lá, Mara e eu, conversando com professores e alunos.

clip_image006

Confiram alguns detalhes do Encontro conforme texto e fotografias retirados do blog da professora Patrícia: http://linguaportuguesaeshow.blogspot.com.

clip_image002

“A presença do escritor Renato Muniz Barretto de Carvalho nos encheu de alegria e emoção. As crianças ficaram muito entusiasmadas com seus livros. A turma do 5º ano adorou o livro “Os bichos são gente boa”, (de Renato Muniz Barretto de Carvalho, com ilustrações de Mara Maciel), que foi lançado pela Giz Editorial na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no Anhembi, no dia 14 de agosto de 2010.” Do Blog “Língua Portuguesa”, da professora Patrícia, de Pirajuba (MG): http://linguaportuguesaeshow.blogspot.com/2011/10/presenca-do-escritor-renato-muniz.html.

clip_image004

clip_image008

clip_image010

clip_image012

Conversando com a professora Tânia Ulhoa

domingo, 29 de janeiro de 2012

O fim do tempo

DSC07116

Renato Muniz Barretto de Carvalho

Digníssimos leitores, parentes e amigos. Um instante de sua atenção ao que eu tenho a dizer. Como ousar é, em algumas circunstâncias, um ato necessário, assumo o risco de propor, neste exato momento, a abolição do calendário. Isso mesmo, do calendário, com todas suas implicações e consequências.

Não proponho apenas o fim das folhinhas, das agendas, dos calendários com ímã, aqueles de grudar na geladeira, dos calendários impressos, de modo geral. Vou mais longe: a proposta é eliminarmos o próprio calendário, a própria contagem dos dias, das semanas, dos meses, dos anos. Entenderam? Concordam? Eu explico.

Não me refiro à eliminação do tempo, ao fim da história, como já fizeram. Não, minha ideia é revolucionária e inovadora. Minha preocupação é com a felicidade humana, é com o bem-estar das pessoas. Preocupação e objetivo. É só observar o comportamento dos indivíduos, prestar atenção a alguns detalhes do cotidiano. Vamos ver alguns exemplos.

A questão da idade. Taí uma coisa que incomoda muita gente. Já ouviram alguém reclamar que está ficando velho? A toda hora! Gente queixando-se que não tem mais idade para isso ou para aquilo, gente se achando velha, imprestável porque está com 60 anos, 40, 30... Tem gente que se estressa com aniversários, seu e dos outros. Muitos encaram como uma formalidade tão formal que o que devia ser fonte de prazer e alegria vira chateação, briga, desentendimento familiar. Ah, não! É só acabar com o calendário, com a contagem do tempo e eu quero ver alguém reclamar mais. Reclamar do quê? Velhice e mocidade passam a ser apenas um estado de espírito, não uma constatação matemática e cronológica. Entenderam? Dá para se julgar velho num dia e novo no dia seguinte. Qual é o parâmetro? Você mesmo, sua saúde, sua vontade, e não o simples desenrolar dos dias. Ao menos eliminaríamos os limites psicológicos à decadência física.

Outro exemplo. As segundas-feiras, e a tristeza que causam a muita gente. Não basta acabar com este dia da semana, tem de eliminar é toda a semana, de domingo a domingo. Todos os dias passariam a ser iguais. Ou melhor: cada dia passaria a ser um dia diferente, acaba-se a rotina. Existem até casos de pessoas que adoecem na segunda-feira, a pressão sobe, ficam com febre, tudo porque é segunda-feira. Com o fim da semana, tudo mudaria. Cada um estabeleceria seu próprio ritmo de trabalho. A vida social e econômica fluiria com maior espontaneidade.

É claro que temos de eliminar os dias dos meses e os próprios meses. Acabar com as preocupações relacionadas às datas inevitáveis, com as datas de pagamento, com os prazos finais e irremediáveis. Ah, que delícia não ter de sair correndo para pagar uma conta, não ter mais de ouvir aquela velha ladainha conservadora de que brasileiro deixa tudo para a última hora. É simples: acabou-se a última hora! O último dia! A última data! Todos passam a ser primeira hora, início e não fim. Estaríamos, se quisermos, sempre começando algo, e isso significaria uma grande libertação para o ser humano, um ser que seria reconhecido em sua plenitude como sujeito de suas realizações. Tudo isso diminuiria muito o poder dos burocratas e das pessoas autoritárias que se escondem atrás dos prazos para estabelecer seu domínio e causar tristezas.

Outro efeito fantástico seria sobre as férias e feriados. Acabam-se enquanto data fixa, rígidas. Tiraríamos férias quando estivéssemos cansados, precisando mesmo. E nada daquele corre-corre de fim de férias, aeroportos lotados, acidentes nas estradas, rodoviárias insuportavelmente cheias. Quantos problemas não seriam resolvidos?

A ideia de relógio biológico poderia se estender a um tempo maior e não apenas à relação noite-dia. Mãos à obra pesquisadores da fisiologia humana! Compreendendo seu relógio, cada um decidiria seu tempo de trabalho e dedicação a partir de ritmos muito mais naturais e não forçados. Teríamos uma melhor qualidade de vida e poderíamos desfrutar mais a companhia das pessoas de quem gostamos. Pensem nisso!

image

domingo, 15 de janeiro de 2012

Difícil aprendizado: para ler num dia de chuva

 

Canastra 101

Meu aprendizado sobre o tempo, o clima, não foi fácil. E ainda não está concluído, se é que estará algum dia!

Olho pra cima, examino as nuvens, observo o céu azul, analiso bem demoradamente o imenso espaço sobre nossas cabeças e pouco consigo entender. Misterioso céu. Vai chover? Vai fazer sol? Vem uma chuvinha de nada? Ou um calor de rachar? Vai ser uma tempestade de alagar a cidade e passar por cima das pontes ou chuvisco de molhar bobo? Não costumo acertar, e saibam que eu até tentei, até estudei essas coisas de climatologia, de meteorologia e de previsão do tempo na época da faculdade.

Também me esforcei à beça para tentar absorver um pouquinho da sabedoria dos antigos, dos mais velhos, em especial dos mais sábios que davam conta de dizer até a hora em que ia começar a despencar água sobre nós. Conheci uns que eram capazes de dizer que, dependendo do lado que a chuva vinha, ela chegaria, ou não, até onde nós estávamos. Saibam que costumavam acertar, e nem se gabavam disso.

Mas minha ignorância persiste. E se isso me serve de consolo, creio que outras pessoas têm a mesma dificuldade. Um dos problemas é que o clima, mesmo sendo possível realizar previsões, mesmo podendo-se classificar os diferentes tipos, enquadrar, estabelecer regularidades, não é algo mecânico, como um relógio. O clima não se sujeita a ritmos rígidos, nem a controles e catracas. As variáveis são tantas que mesmo os sistemas complexos de computadores e satélites interligados não dão conta de prever com exatidão seu comportamento. Digamos que ainda não foi domado, não se submeteu aos caprichos humanos. Mas do jeito que a coisa vai, não demora.

De qualquer forma, ainda que os supercomputadores profetas continuem a aperfeiçoar a previsão, o aprendizado pessoal do clima deve começar o quanto antes. É indispensável. E deve começar na infância. Se você tem filhos pequenos, ou pretende ter, ensine-os o melhor que puder. Saia com eles durante o dia e peça que olhem as nuvens, que tentem perceber as diferenças entre elas, que sintam o vento e descubram de que lado sopra. Arranje um tempinho e também saia com eles à noite. De preferência, faça um rodízio, isto é, em noites de lua cheia, em noites nubladas, em noites quentes e sem vento, e em noites assustadoras. Deixe que percebam as diferenças, as nuances da escuridão.

No meu caso, quando pequeno, que eu me lembre, todo dia era dia de chuva, ou com possibilidade de chuva. E isso podia estragar nossas brincadeiras, ou nosso passeio. Não importava se estávamos no verão ou no inverno, mesmo na estiagem mais rigorosa, minha preocupação era se ia chover ou não. Difícil era encarar o céu e extrair daí alguma lição, alguma lógica.

Bem que eu tentei aprender mais sobre o clima, mas acho que minha dedicação não foi suficiente. Talvez eu não tenha tido competência técnica para tanto. De qualquer maneira, ainda hoje uma das coisas de que mais gosto é de admirar as mudanças das estações do ano. Adoro as noites claras do Cerrado. A impressão que eu tenho é a de que o céu do Cerrado é maior, é mais amplo, talvez infinito. Tão bonito! Adoro as tardes de chuva, tão boas para ler romances. Aprecio muito as noites limpas, ótimas para caminhar.

Com toda essa admiração, sempre que eu conseguia me livrar dos afazeres, bem que eu tentava entender o movimento das nuvens, as cores do entardecer, o vôo das aves, as providências dos insetos, em especial das aranhas, mas foi em vão.

Apesar de tudo, aprendi algumas coisinhas, mas longe de mim me julgar um entendido. Não sou climatologista, e passo longe de me considerar um meteorologista amador. Com toda humildade, sei que, apesar de certa regularidade, como o suceder das estações do ano, o clima muda sempre, e continuará mudando. Se não tomarmos cuidado, podemos até contribuir para acelerar essas mudanças e talvez os resultados não sejam bons para nós nem para a vida no planeta.

Existem coisas mais difíceis de entender do que o clima: certas pessoas, com seus amores, humores, desejos, alegrias e tristezas. Entendê-las e conviver bem com elas é tão ou mais importante do que entender o clima. Não sei o que mais se pode dizer sobre isso, em todo caso, ouça este conselho: se você tiver de sair à rua num tempo chuvoso, leve um guarda-chuva. Se você for sair acompanhado de alguém de quem goste muito, torça para chover e se abracem bem juntinhos debaixo do guarda-chuva. Bom passeio!

Canastra 261

 

 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Aconteceu em 2011 (2): Atividades Culturais na Biblioteca Pública Municipal de Uberaba

 DSC06432

Manhã e noite. O dia 28 de junho de 2011 foi dedicado às atividades culturais e de leitura na Biblioteca Pública Bernardo Guimarães. Na parte da manhã, Mara e eu conversamos com alunos da Escola Municipal Uberaba e, no período da noite, conversamos com alunos da Escola Municipal Frei Eugênio. Eles também leram o livro Os bichos são gente boa e desenvolveram trabalhos sobre os contos do livro.

DSC06430 

A professora e contadora de histórias Adriana Fonseca coordenou as atividades e a conversa correu solta, desinibida, gostosa. Os assuntos em pauta foram o Cerrado, a importância da leitura e a preservação do meio ambiente. A diretora da Biblioteca, Viviane Cataldi, também prestigiou o evento.

Foi muito bom!

DSC06426

DSC06428

DSC06429

DSC06431 DSC06436 DSC06440

DSC06442

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Aconteceu em 2011: Encontro na Biblioteca Pública Municipal de Uberaba

No dia 28 de junho de 2011, pela manhã, na Biblioteca Pública Bernardo Guimarães, Mara e eu tivemos a oportunidade de conversar com alunos da Escola Municipal Uberaba. Eles leram o livro Os bichos são gente boa e desenvolveram trabalhos sobre os contos do livro.

Mediada pela educadora Adriana Fonseca, a atividade foi muito boa, alegre, produtiva.

Os alunos mostraram trabalhos feitos a partir do livro, recontaram histórias e declamaram poesias. Conversamos sobre vários assuntos, em especial sobre leitura e meio ambiente.

Valeu!

DSC06373

DSC06375

DSC06378

DSC06384

DSC06388

DSC06394

DSC06396

DSC06398

DSC06403

DSC06406

DSC06409

DSC06410

DSC06412

DSC06415

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Fazendas antigas

 

IMG_1501

Renato Muniz Barretto de Carvalho

Muitas famílias do interior do Brasil têm na memória, no coração e na saudade, recordações de uma fazenda antiga. São pedaços, retalhos, verdadeiros recortes de um tempo que nos remete à infância, à descoberta de sabores, de cheiros, de sons, de sensações tão boas que ajudaram a definir personalidades.

Algumas dessas fazendas possuíam casas grandes, avarandadas, espaços amplos. Eram o território dos avós, das tias solteiras, dos mais velhos. Tinham grandes fogões de lenha, serpentinas que esquentavam a água nas tardes frias de inverno, tachos de cobre pendurados nas paredes, porões misteriosos habitados por morcegos e outros bichos do período jurássico, histórias fantásticas e o aconchego das noites claras, de lua cheia.

Quem viveu numa delas, ainda que por breves instantes, quem passou as férias, ou dormiu aí algumas noites, soube o que foi a época de acordar cedo, de levantar de madrugada para ir ao curral tomar leite tirado na hora, de subir em árvores para olhar mais longe, de nadar nos rios e nas cachoeiras. Soube o que representava descascar goiabas para fazer goiabada de pedaço para o ano todo, ralar milho verde para fazer pamonha, mexer o tacho e deliciar-se com a rapa. E se nos sobrou algum tempinho no fim da tarde, deu para ficar quieto num canto da varanda, só olhando a chuva cair…

Reconheça-se o saudosismo e a melancolia. Esqueça-se por um momento a luta de classes. Na verdade, como já se sabe que tudo que é sólido se desmancha no ar, muitas foram demolidas, caíram, apodreceram, perderam suas características originais, foram desmanchadas tijolo por tijolo ou tombaram impiedosamente sob a lâmina implacável de um trator de esteira. De algumas sobraram resquícios, de outras nem sinal e nem um rastro sequer. Foi tudo embora, até as lembranças, as gentes e as assombrações. Perderam-se no tempo, engolidas pela poeira, pelas divisões das terras, pelo loteamento do espaço, pela mercantilização da natureza, pela modernidade inexorável, sabe-se lá qual o seu significado e seus efeitos na vida de todos nós, dos que sobreviveram.

Novos usos e ocupações do solo agrícola foram implacáveis e insensíveis aos apelos do passado. Fazer o quê? Recordar, trazer de volta à vida, ainda que apenas com o recurso das fotografias em preto e branco, que porventura estejam guardadas numa gaveta daquele armário que ainda não foi jogado no lixo. Então, nos resta tentar extrair dos recantos mais inexpugnáveis do cérebro, onde estão arquivados os segredos da adolescência, o que restou do mosaico que constitui as lembranças. Estão todos convidados a subir os degraus e a entrar pela cozinha mesmo, sem cerimônia. Sinta-se em casa. Esqueça o som do teclado e ouça a água do riacho que passa no fundo do quintal, aborreça-se menos com a correria do cotidiano e sinta o cheiro do café quente que acabou de sair do coador de pano e entrar no bule esmaltado. Conceda-se um tempinho para observar o movimento das nuvens e se pergunte sem pressa: será que vai chover hoje?

  IMG_1412