No começo de maio, visitei a VI Feira Nacional de Livros de Poços de Caldas (FLIPOÇOS).
Com uma presença marcante de autores e de público, realizada no Espaço Cultural da Urca, patrimônio cultural e arquitetônico da cidade de Poços de Caldas, a Feira contou com inúmeras atrações e grande diversidade de expressões culturais ligadas ao mundo do livro. Apresentou-se e discutiu-se, além do livro, nosso velho conhecido, a literatura de cordel, o livro eletrônico, novos autores, os mangás (quadrinhos japoneses) e novas formas de se chegar ao leitor e de sensibilizá-lo para a leitura.
A literatura infanto-juvenil tem merecido uma atenção especial nesses eventos. E lá estavam, circulando pela Feira, muitas crianças e os seus pais, dispostos a comprar algo para os filhos. O interessante é observar estas crianças, e os respectivos pais, mães, avós, tios, tias, padrinhos e professores, folheando, ávidos, livros de todo formato, de todo jeito, de todo preço.
O que se espera é que o livro não se transforme apenas num mero objeto de consumo, numa reles mercadoria que se leva para casa devido aos apelos do marketing, de capas bonitas, das ilustrações e dos autores com espaço privilegiado na mídia. Não que capas bem produzidas e belas ilustrações não sejam essenciais, mas livros são mais do que isso.
Só o fato de comparecerem tantas crianças e adolescentes num evento assim, de terem contato com os livros, com os autores, com as editoras, já é um ganho, mas é preciso ir mais longe. É preciso questionar e tomar cuidado com jogadas como as que empurram “goela abaixo” livros de gosto duvidoso, de pouca ou nenhuma qualidade, e que não valorizam a cultura local e nacional. Ao que parece, vale uma antiga máxima: tem espaço para todo mundo, mas é preciso cuidar para que a concorrência não seja desleal.
Muitos se comportam numa feira de livros como se estivessem num shopping center, e consomem, insaciáveis, apenas produtos “enlatados”, como um “fast food” da literatura. Não se trata de incitar linguagens intelectualizadas ou discursos complexos, mas de estimular a boa produção cultural, que os autores brasileiros e latino-americanos têm feito, e que tão pouco espaço têm merecido diante de agressivos projetos editoriais das grandes empresas. Já observaram que nas listas dos livros de literatura mais vendidos, de cada 10 livros indicados, apenas um ou dois são de autores brasileiros?
A discussão é antiga, pertinente e muito atual ainda, mas persistem práticas deploráveis no setor. Dentre elas, pode-se citar a compra descarada de espaços “disfarçados” na mídia e os vínculos suspeitos entre agências de publicidade, imprensa, editoras e governo, que cerceiam a abertura do mercado editorial para novas propostas e para as pequenas editoras.
Bem vindas as feiras e bienais de livros em todos os municípios brasileiros! Cumprem o papel de aproximar leitores e autores, de apresentar ao público as ações do mercado editorial para valorização do livro e da leitura, e de possibilitar o acesso ao livro para mais gente, principalmente crianças e adolescentes.
O que se espera é que, além da realização das feiras, do espetáculo, das presenças midiáticas de grandes palestrantes, ocorram também ações antes e depois dos eventos. Ações que permitam discussões nas escolas, abertura de espaços na imprensa local para entrevistas, resenhas, biografias, e o debate cultural, do centro à periferia, com o intuito verdadeiro de democratizar o acesso ao livro e à leitura.
A Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas, a FLIPOÇOS, aconteceu entre os dias 30 de abril a 8 de maio, no Espaço Cultural da Urca, centro de Poços de Caldas, MG. Com homenagens, palestras, cursos, gastronomia, concurso literário, exposição e venda de livros, a Feira contou com a presença de inúmeras editoras, livrarias e bom público, da cidade e da região. Não ficaram de fora os autores do momento, da chamada “literatura sobre vampiros”, a literatura infanto-juvenil, mencionada acima, livros de gastronomia, de arte e de auto-ajuda.
O destaque da Feira ficou por conta do escritor Ariano Suassuna. Sua palestra, no dia 7 de maio, às 20 horas, foi, sem dúvida, a mais concorrida. Leitores e admiradores de Poços de Caldas, de cidades vizinhas e até de localidades mais distantes, lotaram o auditório principal e um auditório com telão. É sempre bom ouvir Ariano Suassuna, um grande contador de histórias, dono de memória privilegiada, um dos grandes nomes da literatura e da cultura brasileira.
Nas fotografias abaixo: a entrada da Feira; junto com o poeta do Cordel, Izaias Gomes de Assis; com o autor moçambicano, radicado no Brasil, Davambe; e o poeta garçom, da cidade de Resende, RJ, o Osmar Nonato, que gentilmente percorria os corredores da feira oferecendo poesias numa bandeja.
2 comentários:
deixa eu te pergunta uma coisa que e mt importante eu estou fazendo um trabalho muito importante sobre o seu livro os bichos sao gente boa e eu preciso de alguns dados seus gostaria de saber se esse glogger e seu mesmo ou se e fake.
Vamos nos ver dia 28 de maio la na biblioteca estou achando mt interessante.
Meu nome é Isadora Fernandes da escola Frei eugenio serie 7ºa
Muito obrigada
Olá Isadora. Este blog é meu mesmo (e dos leitores e "navegantes"). Estou à sua disposição. Obrigado pelo comentário. Vamos nos encontrar na Biblioteca sim. Abraços.
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