Brasilino e a independência
do Brasil
Renato Muniz B. Carvalho
Um dia desses, lembrei-me do Brasilino. Conhecem? Ele tem mais de sessenta anos, já rodou bastante, mas ressurgiu com vigor impressionante nos últimos anos. O que será que ele fez para se manter jovem? Na verdade, o cara nunca foi novo, sempre foi um indivíduo corroído pelo tempo, corrompido pelas próprias escolhas, um velho empedernido. Não quero ser injusto, apenas traçar um perfil sincero de alguém que sempre se prestou a papéis duvidosos na cena política nacional. Às vezes, foi o inocente útil, em outras vezes serviu como massa de manobra ou ponta de lança dos velhos caciques da política.
Não se trata de depreciar o meu conhecido, respeito seu jeito de ser, apenas discordamos. Ele sabe o que a sociedade brasileira pensa dele, historicamente falando. Por isso, ele vai e vem, sobe e desce, sempre tentando ocupar um lugarzinho no seio do poder. Neste ínterim, defende seus próprios interesses, se deixa manipular, embora, de fato, sempre tenha se portado como um bajulador convicto.
Brasilino é o personagem de um folheto muito popular escrito por Paulo Guilherme Martins, com o título “Um dia na vida de Brasilino”, em 1961. De forma irônica, bem-humorada, o autor nos apresenta uma figura ingênua, desligada das questões políticas. Nacionalista, conservador, ignorante das mazelas do país, entusiasmado com o “progresso”, era o típico cidadão alienado de sua época. Passados sessenta anos, Brasilino bate às nossas portas, assombrando-nos novamente com o fantasma do retrocesso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário