Renato Muniz B. Carvalho
Eu gosto de viajar, acho que já contei
para vocês. Viajo por diversão, por necessidade, para visitar parentes, a trabalho,
para estudos, por vários motivos. Vou à procura de novos ares, outros pontos de
vista, de água limpa, de conhecimento, de estímulos para os olhos e para o cérebro.
Já li em algum lugar que viajar faz bem à saúde, só não me perguntem a fonte. Quanto
ao “fazer bem”, as viagens nos trazem alívio, amenizam as preocupações diárias,
nos colocam desafios de mobilidade, de trânsito, de segurança, aguçam a curiosidade
sobre paisagens, comidas, sons, cores e a interação com estranhos. Acho que só isso
basta para você sair correndo e arrumar suas malas, nem que seja para ir até a cidade
vizinha passar o fim de semana. Se me permite uma sugestão, coloque o item “viagem”
como prioritário na sua vida.
Dá para viajar a pé, de bicicleta,
de carro, de moto, de trem, de navio, de avião etc. De carroça não recomendo, deixe
o pobre do cavalo em paz! O importante é seguir em frente, mas voltar é sempre uma
possibilidade e se desviar do caminho também. De preferência, vá devagar para poder
apreciar o visual, conversar com as pessoas, curtir lugares diferentes.
Eu gosto de observar o horizonte,
o uso do solo, as cidades, as estradas, as árvores. Cursos d’água me chamam atenção,
sejam rios, córregos, riachos, arroios ou ribeirões, todos têm sua importância.
Aliás, nenhum rio nasce grande, caudaloso, em algum momento é tão somente um manancial
escondido no meio da vegetação, um olho d’água na encosta do morro, daí a importância
de preservarmos as nascentes e as matas. Pequenos, médios, grandes, anônimos ou
famosos, todos me encantam. E os nomes? Ah, os nomes! Muitos se chamam “Córrego
Fundo”, “Rio Claro”, “Rio Escuro”. Use a imaginação, observe a diversidade e o cenário
que os cerca. Muitos devem ter sido nomeados devido aos animais existentes nos arredores:
“Córrego da Capivara”, “Córrego da Onça”, “Rio Sucuri”, “Ribeirão da Anta”. Do jeito
que as coisas andam, restaram apenas os nomes. Pobre onça, que já foi dona de um
córrego e hoje é só uma placa na rodovia! Outros foram batizados para marcar fatos
históricos: “Ribeirão da Conquista”, “Córrego da Batalha”, “Rio da Vitória”. Tinha
um que se chamava “Rio da Dúvida”. Têm os que receberam nomes de santos: “Rio São
Francisco”, quem não conhece? Vários têm nomes indígenas: “Rio Tietê”, “Ribeirão
Anhumas”, “Rio Paraopeba”.
Um dos que eu mais gosto é o “Córrego
do Segredo”. Que eu saiba, existe mais de um, talvez você conheça. Que segredos
se escondem nas suas águas, ou será nas suas margens? Uma história de amor? Um tesouro
enterrado? Uma tragédia? Tomara que não! Lugar ideal para descansar, sossegado,
bom para ouvir a água contar histórias e fazer confidências.
Publicada no Jornal da Manhã: https://jmonline.com.br/novo/?paginas/articulistas,67
Revisão: Revise Reveja. Clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário