domingo, 5 de abril de 2020

O vírus e a leitura



Renato Muniz B. Carvalho

Nos próximos dias, muitos ainda terão de passar de molho em casa. Vai dar para lavar toda a louça, consertar aquele móvel que está quebrado há séculos, olhar a política passar pela janela, arrumar o guarda-roupa, ler, ver filmes e pensar na vida. Será preciso cobrar das autoridades ações para ajudar os mais frágeis, os idosos, os doentes, os moradores de rua… É a vida nos tempos do coronavírus!

Muitos terão um tempo extra, irão mais cedo pra casa, e alguns ficarão confusos e sem saber o que fazer. Uma sugestão: dedicar-se à leitura! Ler ganha de longe como atividade de lazer, descanso e reflexão: não exige grandes gastos, não faz barulho, não incomoda ninguém, não depende de alta tecnologia nem de eletricidade — se for possível ler durante o dia, é claro!

Para alguns, o problema é escolher o livro certo. Uns vão dizer que existem livros demais e isso dificulta a escolha. Discordo! O negócio é saber fazer a escolha. É mais ou menos como escolher uma música: MPB, rock, blues, étnica, erudita? A escolha, quando dá pra escolher, depende da companhia, do lugar, do horário, do caminho a percorrer, da verba para gastar, entre outras possibilidades. Libere a imaginação!

No caso dos livros, escolha por gêneros: poesia, conto, romance, crônica, drama… Qual é sua preferência? Literatura brasileira, estrangeira, do século XX, clássicos, literatura moderna, literatura policial… Senta que lá vem mais uma lista!

Tem os que adoram os russos: Dostoiévski, Gorki, Tchekhov, entre tantos outros. Eu, particularmente, gosto do Maiakovski, o “Poeta da Revolução”, mas a escolha é sua! Tem os norte-americanos: Herman Melville, autor do clássico “Moby Dick”, Jack London, de “O apelo da selva”, Jack Kerouac e o pessoal da Geração Beat. Tem Philip Roth, tem Ray Bradbury, de “Fahrenheit 451”. Já leu “O apanhador no campo de centeio”, do J. D. Salinger? E Ernest Hemingway, de “O velho e o mar”, prêmio Nobel de literatura de 1954?

É preciso ler ou reler Simone de Beauvoir, Hilda Hilst, Clarice Lispector, Carolina de Jesus, Cora Coralina, Conceição Evaristo, Angela Davis e tantas autoras brilhantes. Escolha seus livros!

Convido você a ler os latino-americanos! Tem os livros do Gabriel García Márquez, do Cortázar, do Neruda, do Miguel Ángel Asturias, da Laura Restrepo… Que tal começar pelo uruguaio Eduardo Galeano? Autor do clássico “As veias abertas da América Latina”, livro essencial para entender nosso tempo!

Tem para todos os gostos, sem esquecer a literatura infantil para ler com as crianças... É inevitável, a pandemia está forçando as pessoas a mudarem seus hábitos. Aproveite pra ler, conversar, refletir sobre a loucura que está o mundo, sobre a correria insensata do dia a dia que nos adoece e nos leva às farmácias. Ler pode ser um bom remédio. Se não combater a doença, você se distrai e aprende alguma coisa.













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