sábado, 19 de setembro de 2015
Uberaba a Peirópolis de bicicleta
Uberaba
a Peirópolis de bicicleta
Renato Muniz Barretto
de Carvalho
Aproveitamos o feriado da
“Independência” para fazer um passeio de bicicleta até Peirópolis, comunidade
rural do município de Uberaba, MG. O lugar é famoso pela quantidade e qualidade
dos fósseis encontrados em seu sítio paleontológico. Passear pedalando é sempre
bom, distrai, diverte, faz bem à saúde física e mental. Estávamos em quatro
pessoas, sem carro de apoio, só nós, as bicicletas, água e muita vontade de ir
mais longe. Do centro de Uberaba, de onde saímos, até o “bairro dos
dinossauros” (Peirópolis), percorremos cerca de trinta quilômetros.
O passeio teve muitos pontos positivos, e
outros nem tanto, mas o saldo foi favorável, mais acertos do que erros, afinal
deu tudo certo e chegamos no horário previsto, sem nenhuma queda e nem sequer um
pneu furado. Lá em Peirópolis, tínhamos marcado de nos encontrarmos com pessoas
da família para um bom almoço, sem pressa, numa mesa comprida e aconchegante, com
comida e assuntos diversos.
Nosso maior erro foi termos saído tarde.
Passava um pouquinho das dez horas da manhã quando as rodas das magrelas
começaram a percorrer as ruas da cidade em direção à comunidade de Peirópolis.
A manhã já estava bem quente quando atingimos a estrada que dá acesso ao bairro.
A trilha, em terra, é uma antiga ligação
da cidade de Uberaba em direção à capital do estado, e se constitui de um
trecho que foi descartado quando a rodovia BR 262 foi asfaltada, no final dos anos
1960. O traçado sinuoso da antiga estrada cedeu lugar a retas mais adequadas ao
trânsito rápido. Pode-se dividir a trilha em duas partes: uma antes e outra
depois de um cruzamento com a BR 262. Ainda hoje, a antiga estrada é bastante usada
por moradores, trabalhadores e proprietários rurais das redondezas. No último
domingo de cada mês, acontece um passeio, já tradicional no calendário
turístico local, a “Trilha dos Dinossauros”. Aos domingos e feriados, não é
raro encontrar pessoas caminhando na trilha, e o número de ciclistas tende a
aumentar.
As notas dissonantes ficaram por conta
do lixo jogado no primeiro trecho da trilha, da falta de sinalização, com
poucas placas indicativas do percurso, e a ausência de árvores, ou seja, poucos
trechos com sombra. Causa desânimo percorrer uma trilha de bicicleta, numa atividade
agradável de passeio, de contemplação da natureza, e depararmo-nos com uma
estrada cuja finalidade também parece ser o descarte de resíduos. Falta
educação ambiental, faltam mais políticas públicas de incentivo ao turismo e às
atividades ao ar livre. Faltam mobilização e atitudes, individuais e coletivas,
para mudar o quadro de degradação ambiental. Vamos em frente!
Após cruzarmos a rodovia, a situação
melhorou, mas deve-se confessar que também não é muito agradável pedalar por
carreadores em lavouras de cana sob o sol do fim da manhã de um setembro bem seco
até aquela data.
Os dois trechos da trilha são bem
diferentes. A primeira etapa apresenta, nesta época do ano, muita areia, o que
dificulta as pedaladas. Em compensação, é plana e ampla. A segunda etapa
inicia-se no cruzamento da estrada de terra com a rodovia. A partir daí, há um
bom declive até um córrego de águas limpas e cristalinas, o Ribeirão Lageado. É
preciso descer com cuidado, mas já não há areia solta na estrada. Depois de uma
simpática ponte inicia-se uma subida difícil para quem não está acostumado a
pedalar em estradas de terra. Ao atingirmos o topo, com o suor escorrendo, a
perspectiva da chegada breve nos remeteu à “síndrome do cavalo velho que apressa
o passo ao se aproximar do curral”, ou coisa parecida, e tudo se tornou mais
fácil. Conseguimos chegar a tempo!
Percorremos o trajeto em cerca de duas
horas e pouco, só com paradas para água e fotografias na ponte do Ribeirão Lageado.
Chegamos exaustos, pois não temos mais vinte anos, mas o passeio e o esforço
valem a pena mesmo para quem já beira os sessenta.
A comunidade de Peirópolis se prepara há
bastante tempo – e a cada dia mais! –, para receber turistas, seja de carro, de
ônibus, de bike e a pé. Mas são necessários mais incentivos, mais apoio por
parte da administração pública. Placas de sinalização, limpeza, mais árvores
nos caminhos e na trilha são pré-requisitos essenciais para cativar os
visitantes. De qualquer forma, uma visita ao Museu Paleontológico é obrigatória
e bons restaurantes atendem muito bem quem vai até lá para passear, visitar o
Museu, almoçar, estudar ou simplesmente descansar.
Para coroar, como se diz por aqui, o
belo passeio, a melhor recomendação é saborear um delicioso sorvete na
sorveteria da Claudete, que fica próxima ao Museu. A gente até se esquece do
sol quente, da poeira e do cansaço. Não dá nem vontade de ir embora!
Serviço:
Na
página da internet da Prefeitura Municipal de Uberaba encontra-se a seguinte
informação sobre Peirópolis: “Pequena vila situada a 21 km do centro de
Uberaba, possui entre os seus principais atrativos um sítio paleontológico com
fósseis de 80 milhões de anos, um museu e o Centro de Pesquisas Paleontológicas
“Llewellyn Ivor Price”, parque com réplicas de dinossauro em tamanho natural,
área para esportes, e uma paisagem caracterizada pela beleza e tranquilidade.
Seus doces e licores caseiros são famosos e muito procurados.”
Para
conferir: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/conteudo,706
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